Gran Torino [Gran Torino] de Clint Eastwood

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Gran Torino

Eastwood acertou. Usou sua experiência e estampa de idoso charmoso para dirigir e atuar neste bom roteiro de Nick Schenk. Clint Eastwood interpreta o personagem principal, o velho soldado Walt Kowalski, que lutou na Coréia e trabalhou na indústria automobilística. Depois de enviuvar, ele vive sozinho e assiste seu bairro se encher de imigrantes orientais. A casa vizinha é ocupada por uma família de vietnamitas que, aliás, fugiram de seu país por terem sido aliados dos americanos na guerra. O velho Walt despreza os orientais. O velho é um show de incorreção política. Walt rosna (literalmente) todo tempo e não perde a oportunidade de mostrar seu desprezo pelos vizinhos, acentuando cada rejeição com uma grossa cusparada. A velha vietnamita, sua vizinha, tem o cuidado de responder no mesmo nível, respondendo da mesma forma.

Um incidente com gangues do bairro transforma o velho ranzinza em herói. A história nos mostra os detalhes da construção do relacionamento possível entre o americano velho e falido e os jovens americanos filhos de estrangeiros de olhos puxados saídos das plantações de arroz na Indochina.

A grosseria de boa técnica do velho preconceituoso cria momentos de humor de qualidade. Uma conversa entre o Kowalski, um barbeiro italiano e um jovem oriental, discutindo como os homens devem falar, é antológica.

Clint Eastwood está perfeito para o papel. Seu grande porte, sempre realçado pela câmera, faz bom contraste com a velhice e fragilidade do personagem. Walt, como empregado da Ford, montou a coluna de direção de seu belo e preservadíssimo Ford Gran Torino, que é objeto de desejo de todos. Fica a metáfora interessante do grandioso Estados Unidos, abraçado à glória de uma indústria de automóveis falida (vide General Motors), tendo que negociar frente à força vinda da jovem economia do oriente.

Gran Torino

Fiquei com medo do que o roteirista poderia fazer com o final da história. Mas ele se sai bem. Foge do clichê da violência para compor uma boa conclusão. Fica a sensação de que a colcha de retalhos da sociedade americana ainda tem chance. E notem: o policial da cena no final do filme já é um Chang.

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