Árvore da Vida [The Tree of Life] 2011, Terrence Malick

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Fui com um amigo ver Noite Americana no finado cinema Rian. Eram as famosas estréias de sábado, às 22h, nos idos dos anos 70. Era um agito. Este filme de Truffault é maravilhoso! Como uma de suas dádivas, o filme sacramentou Jacqueline Bisset como das coisas mais lindas imortalizadas no celulóide. Bem, meu colega de turma da esquina, entendeu que era um filme de aventura, com porradaria correndo solta e outros adereços de um filme de ação. Eu ri muito quando saímos do cinema e ele declarou sua perplexidade frente ao filme “lentinho” e bobo que acabara de assistir.

Corta, avancemos para 2011. A Revista de O Globo desse domingo registrou mais um engraçado “Entreouvido por aí”. Era o papo entre dois rapazes saindo do cinema, depois de assistirem Árvore da Vida. Um deles dizia: “Por que você não me disse que o filme era assim? Pelo trailer, achei que era normal.” Sou obrigado a confessar que tive sensação parecida ao sair do filme de Terrence Malick. Eu queria um filme mais normal. O filme conta história interessante, centrada (se é que posso dizer que a história se centra) na vida de um garoto, seu relacionamento com pai e mãe, a perda do irmão, até sua solitária vida adulta. Perdão os entusiastas do modelo Malick de contar uma história. Sou daqueles que advogam que não há inconveniente em um filme ter começo, meio e fim, nesta ordem. Este era um caso recomendado para usar a receita de moderação nas invencionices. O diretor podia ser mais simples, aliás, característica irmã da genialidade. Malick dá muita pirueta, muito enquadramento sofisticado (até são bonitos), para nos colocar na perspectiva da importância de uma vida em relação ao universo. Esse estilo National Geographic de parte do filme é absolutamente um excesso. É difícil justificar a descrição de períodos geológicos da época do Cambriano, seguidos (notem que ele avança) dos tempos dos dinossauros e da chegada do asteróide que abalroou nosso planeta há 60 milhões anos. Acreditem, Malick, que também escreve a história, achou fundamental usar isso para nos falar da solidão, do relacionamento pai e filho e outras grandiosidades humanas. O que ele abordou tinha valor. Era filme para nos tocar. Brad Pitt e Jessica Chastain fazem pais bonitos e adequados. O amor dos pais, a rudeza do pai preocupado em “criar” seus filhos, era para nos tocar fundo, se não estivéssemos perplexos com as investidas em tentar mostrar como o mundo se formou. Ainda há um tom religioso, meio na linha Nosso Lar, que nem quero me delongar nos comentários. Não carecia de religiosidades.

O saldo do filme ficou negativo. Mas pra chato, do que pra genial.

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