Bar d’Hôtel

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Estamos tentando. Voltarei lá. Afinal, o milênio mal começou.

Rua Delfim Moreira 630. Leblon. tel. 2540-4990
( clique para ver mapa)

bar dhotel

(em 06.04.09) Noite de sábado, quase 10 anos depois da primeira investida no Bar d’Hôtel, voltei ao restaurante do segundo andar do Hotel Marina. Deu quase tudo certo. O lugar é simpático. As janelas para a Bartolomeu Mitre e a praia do Leblon dominam o ambiente. A hostess é um pouco fria. Parecia enfadada com a atividade de atender os ousados clientes que lhe demandam atenção. Dei azar na escolha da mesa. A proximidade de outra, com cerca de dez pessoas comemorando alguma coisa, me assegurou o direito de aturar o barulho da conversa do animado grupo. Era a mistura de euforia com pouca educação, típica dos nativos. As tiradas e risos disputavam com o som da música que, aliás, estava um pouco alta. Providencial troca de lugar nos deixou mais tranquilos e permitiu experimentar o restaurante. Mini hamburgueres de cordeiro (R$28) são bem saborosos. A brusqueta, com vários pequenos pãezinhos com coberturas, é pouca para o preço. Mas aí já é outra crítica. O preço do Bar d’Hôtel é um pouco pro mais caro. Estamos tentando. Voltarei lá. Afinal, o milênio mal começou.

(em 10.05.2000) Noite de sábado. Decidi experimentar um lugar novo: o Bar d’Hôtel. É no segundo andar do Hotel Marina – que hospedou recentemente a exposição de decoração da Casa Cor – na esquina da Bartolomeu Mitre com Delfim Moreira, na beira da praia do Leblon, uma das regiões mais charmosas do Brasil, combinação de riqueza e maresia.


O restaurante não é muito grande. Três ambientes com uma decoração preciosamente certa, rica em cores, instilam um clima de animação aos convivas. Tudo gente bonita e com jeito de não conhecer problemas financeiros. Roupas na moda, cabelos de vanguarda, um clima de agito que torna em lazer a espera das mesas. Os garçons, com aventais reproduzindo bandeiras famosas, são um destaque. Todos bonitos, alegres, sorridentes, com profusão de brincos. Uma graça. Cumprimentam quem chega como velhos conhecidos. A noite prometia.

Mas nem tudo que reluz é charme. A informalidade dos garçons, que parece ser marca da casa, fica um pouco cansativa, quando, por exemplo, exige que se explique ao garoto que se deseja dividir um prato. O garçom começa por dizer que não se pode dividir pratos. Depois, sorri, com alívio, quando lembro a ele que o menu contém, civilizadamente, uma taxa adicional para isso. Sem dúvida, um pequeno e tolerável deslize de lugar novo.

Os pedidos são feitos. A entrada de aspargos ao roquefort está boa. Torradas cobertas com queijo e presunto também trazem sabores simpáticos. Eu não pretendia investir em sofisticações estrangeiras. Pedi um vinho Miolo. A conversa começava a pegar ritmo na mesa, quando o garçom se acerca e declara solene: – Lamento, mas vou ter que retirar a entrada. O prato principal já está pronto!

Bem, como piada, seria interessante. Eu segurei o prato a minha frente pronto a me bater pelo direito sagrado de terminar as torradinhas com queijo. O menino, vendo a aflição dos casais, consentiu em esperar mais um pouco. Rapaz de bom coração. Contabilizei outro deslize para a casa. Mas… é um lugar novo. Tolera-se.

Bem, a partir daí as coisas degringolaram (do francês: dégringoler). Reparei que meu amigo havia pedido água com gás. Para minha surpresa, foi servida uma Perrier. Estávamos tomando vinho brasileiro. A água tupiniquim é boa. Pedi, então, água nacional sem gás. Veio Evian. Comecei a me sentir que nem o Tim Robins em The Player. Mas eu não queria Perrier ou Evian. Chamei o garçom. Ele me ofereceu seu semblante constrangido por encontrar um humano que não bebe apenas água de origem francesa, e consentiu em trazer água nacional. Pouco depois vem uma bela mulata, com uma jarra (um pichet, ela disse!) de água. Ela dizia ser Minalba. Eu já estava entrando na região do enfado exasperado. Pedi para que a garrafa fosse trazida à mesa e sugeri à mocinha que seria de bom tom que ela fosse aberta na mesa. A sofisticada atendente, didática, me explicou que na França servem água assim. É claro que, na pressa, ela esqueceu o detalhe de que a água servida lá é a pura l’eau de robinet (em português: água da bica). Minha acompanhante, com menos de 48 horas de chegada de Genebra, talvez ainda sobre o efeito da décalage, teve ganas de morder o pescocinho da moça. Perguntei o preço da água francesa: R$3,50. E a brasileira? R$1,50. Comecei a me sentir como o idiota na arapuca.

Veio uma jovem com jeito de gerente. Falou umas bobagens sobre a casa ter cozinha francesa e se foi. Enfim conseguiram nos trazer uma Minalba. Não tinham água nacional melhor. A essa altura, a noite já perdera a graça. A alegria dos meninos que atendiam, dos atrasados que esperavam pacientemente o prazer de beber água mineral francesa, já não me motivavam o humor. A comida que veio depois estava razoável. Gastou-se R$50 por pessoa. E mais não vale dizer.

Ao final, fiquei com a impressão de que eu é que estou errado. Devo ter jeito de otário. A culpa deve ser minha. Eu é que atraio este tipo de golpe em lugar tão fino. Mas, se você não liga para estas coisas, pode freqüentar o Bar D’Hôtel, a vista da praia do Leblon é linda.

Em tempo: Um amigo esteve lá na véspera. Conhecia o garçom. Bebeu grande quantidade de água mineral Minalba. Ninguém empurrou água francesa para ele.

(Gustavo Gluto)




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