Polemizar como mera terapia

Começo colando a citação de Hermano Vianna em sua coluna de 27.05.11 em O Globo: “Ora, a indignação é a forma mais barata de inteligência, ela substitui a complexidade.” É isso! A mera indignação não leva a nada por si só. Se o indignado pegar em armas (metaforicamente, por favor) e sair ao encalço das pretendidas mudanças, aí sim, valeu ficar puto com alguma coisa. Sendo preconceituoso, afirmo que o brasileiro tem a tendência para a indignação passiva. A gente esperneia, estrila, se debate e depois sai para tomar um sorvete e esfriar a cabeça. Como cidadãos, temos formação rígida para sermos bundões. De novo, cito nosso Hermano: “A indignação brasileira atual muitas vezes é apenas exercício de maledicência. Um jogo bobo: sou mais corajoso, nado contra a maré, pois falo mal de todo mundo. E tudo fica como era antes.” Nossa firme determinação aqui em Polemikos é exercitar essa indignação imobilizante. A gente ladra, ladra, mas não morde. Para fugir a mesmice de nossa pátria, optamos por esse texto politicamente incorreto e/ou moralmente correto para aliviar a indignação. É uma boa forma de terapia, é relaxante. Como não redunda em resultado efetivo final, torna-se uma prática de coito interrompido que pode vir a gerar insatisfação acumulante. É previsível um dano maior futuro, afinal essa energia refreada deverá ser canalizada para algum problema de saúde psicossomático. Que venha a úlcera! Continue lendo “Polemizar como mera terapia”

Voto de lista é golpe!

Acho que o congresso brasileiro está brincando com fogo. Essa proposta de que as eleições de deputados se dêem por votação em listas apresentadas pelos partidos é um golpe grosseiro no direito dos cidadãos escolherem seus representantes por voto secreto. Além disso, o formato de listas de partidos é bela maneira de incrementar o negócio lucrativo de alugar lugares nas listas. Continue lendo “Voto de lista é golpe!”

o Brasil agora é tão desenvolvido como os EUA: também temos chacinas nas escolas

Os debates que eu tinha com uma amiga sempre desandavam num ponto da conversa. Discutíamos sobre a situação de nosso país até chegar o momento crucial em que eu me exaltava e afirmava que “o Brasil era uma merda”. Pronto! O pau comia. Ela considerava a afirmação falta de patriotismo. Afinal, se amamos nosso país, temos que dizer que ele é ótimo, assim ela pensava. Eu tentava dizer que ver os defeitos não me impedia de amar meu país. Eu insistia e ela sacava o argumento – para ela – definitivo. Se não gosta daqui, por que não vai morar lá fora? Minha resposta a enraivecia ainda mais. Eu topava sair, só pedia que alguém bancasse minha vida em Paris, para eu manter o bom padrão que tenho aqui nas terras indígenas verde e amarelas. Continue lendo “o Brasil agora é tão desenvolvido como os EUA: também temos chacinas nas escolas”

Noblat denuncia: Linchar Bolsonaro é fácil…

Gostei. Todos concordam que o Bolsonaro é um idiota. Um idiota que apresenta e representa alguns pensamentos defeituosos de nosso povo. Uma boa multidão o apóia. Alguns só saem do armário para votar no ex-militar. O cara se enrolou todo falando besteira sobre a cor da pele de Preta Gil e o reflexo disso sobre sua formação. Disse outras demências. A reação da mídia foi maior que o ato. A reação tornou mais importante a besteirada produzida pelo nobre militar deputado. É tão importante a falta de decoro do medíocre Bolsonaro? As peripécias cínicas do velho Sarney são muito mais prejudiciais e todos passam a mão cabeça do velho cacique. Ricardo Noblat resumiu bem em sua crônica desse sábado. Devíamos rever nossa “tolerância seletiva”. Falta de decoro é roubo e corrupção. Talvez isso já não nos cause muita indignação. Todo mundo correu para chutar o cachorro morto do milico (ih, acho que fui preconceituoso) Bolsonaro. Deixa o cara pra lá. A Justiça pode cuidar dele. Um processo contra preconceitos fica de bom tamanho. Mas se é pra correr atrás, deixemos os Bolsonaros, vamos aos Sarneys.

Pânico! Começou o golpe das licitações da Copa no Brasil!

Criou-se comissão (não é de 10%, esta já é antiga) na Câmara dos Deputados responsável por “elaborar texto com regras para flexibilizar exigências na realização de licitações de megaobras para a Copa de 2014 e as Olimpíadas do Rio” (O Globo, 12.03.11). Entendo que este é o eufemismo para “liberar as armações nos vultosos contratos que serão realizados nas obras para os dois grandes eventos previstos para o Rio de Janeiro”. Deixarão as obras atrasar. As regras de flexibilização permitirão entregar os projetos às pressas aos mesmos espertos de sempre. É claro que haverá uma pequena taxa para que as coisas andem rápido. Percebem? Para a importante missão, foi escalado o controverso deputado Eduardo Cunha, cuja estranha influência na gestão de estatais como Furnas havia sido esvaziada pelo governo federal. O carinha é poderoso. Sai de um esquema para entrar em outro ainda maior. Causa-nos arrepios. Brrrri…

Então, falemos de futebol…

Em primeiro lugar parabenizamos o time tricolor pela brilhante jornada nesse brasileirão. Para um time que passou pela Segundona há poucos anos, é bonito ver esta exuberante performance. O Botafogo, outro sofrido time que passeia por divisões inferiores, também brilhou no campeonato. O Flamengo portou-se com humildade, navegando perto da fronteira que leva ao rebaixamento, mas não concedeu este prazer aos colegas cariocas.

Pra mim, que, apesar de ser flamenguista doente (sofro de um problema de coluna que me incomoda constantemente), não gosto de futebol, esta semana foi de virar o estômago. Continue lendo “Então, falemos de futebol…”