O Prefeito Sujo

Deve ser um sujeito empreendedor. Bom de papo. Talvez, até, bom pai de família. Será que a esposa sabe de onde vem a grana? Deve saber, mas não se preocupa. Contanto que a boa vida aconteça, os meios se justificam. O dinheiro deve entrar pelo caixa dois. Pode ser por unidade instalada. Cada outdoor que é erguido lhe garante uma renda mensal. Vejam que não é pouco. Juntem-se todos os painéis de propaganda da cidade do Rio de Janeiro e imaginem a grana preta de que estamos falando. Deve dar para manter um carro importado ou a casa na serra. Assim eu imagino o intermediador que trata de arrumar mais e mais lugares para colocar outdoors no Rio de Janeiro. O sacana se dá bem. A nós, os moradores do Rio, resta conviver com a zorra da sujeira visual espalhada por muros, laterais de prédios, qualquer lugar onde caiba um outdoor. Não sei se causa incômodo em você. Eu, de minha parte, fico puto com essa bagunça. A quem culpar por essa esculhambação? Eu sugiro o prefeito.

Em tempos de campanhas eleitorais passadas, César Maia disse que iria limpar o Rio de Janeiro da porcariada de propagandas que enfeiam a cidade. Isso, claro, foi antes de se eleger. Depois de assumir, esqueceu o assunto. A cidade está encoberta pela propaganda feia e invasiva. É poste, sinal luminoso e os enormes outdoors. O que tem de casa escondida por muros de outdoors! Tem até pontos turístico cobertos pela sujeirada de propaganda. “O ambiente visualmente poluído acaba por causar nas pessoas incômodo e faz com que percamos a capacidade de perceber coisas boas. O espaço público adquiriu outro sentido e muitas vezes falta o bom gosto no que vemos”, diz a arquiteta Heliana Comin Vargas, professora livre-docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (www.drvisao.com.br). Concordo.

Por que o prefeito não se preocupa com o problema? Eu acho que o fator grana é onde a coisa pega. O esperto prefeito tem seus interesses nas eleições. Daí que é bem oportuno fazer vista grossa para a porcaria que estão fazendo nas ruas da cidade. O negócio de lotear o espaço visual da cidade deve render bom dinheiro. A mutreta é antiga. Já escrevemos aqui na época do Conde (aquele prefeito ridículo que dava um bom Rei Momo), mas as sacanagens no Brasil não diminuem, pelo contrário, tendem a crescer e ficar mais e mais profissionais até atingir o limite de tolerância da população. Os outdoors são assim. Por mais que se mostre a sujeira espalhada no cidade, nada será feito. O melhor que pode acontecer é o prefeito esperar terminar a eleição, para, com estardalhaço, tirar alguns painéis que ele mesmo liberou para serem colocados.

César Maia é um perito na arte de ludibriar a atenção da população. Seu estilo está bem definido. Depois que ganha uma eleição, desaparece. Fica procurando alguma oportunidade política na outra eleição que acontece no meio de seu mandato. Se não pinta nenhuma boca, ele prepara um plano que faça bastante tumulto na cidade, um Rio Cidade por exemplo. Esburaca tudo, gasta uma grana com os empreiteiros e faz cara de bobo no sambódromo para enganar o verdadeiro bobo: o eleitor. Aí, ocupa todo espaço que tiver na mídia e tenta se eleger de novo. Um artista. De bobo não tem nada.

Desculpem-me por lhes lembrar mais este atraso social que nos cerca: a proliferação dos outdoors. Para alguns pode parecer sem importância. Mas, nas pequenas coisas aparece o conceito de cidadania. O curioso é que pouco temos a fazer. Alguém sabe a quem recorrer?

a maconha está na moda novamente

O grupo Planet Hemp não consegue ficar na quase clandestinidade de seu reduzido público. De vez em quando aparece um juiz buscando se exibir na mídia ou um prefeito querendo criar um factóide. Eles conseguem fazer com que o grupo de Marcelo D2 vá para as capas dos jornais. A maconha é a responsável. Continue lendo “a maconha está na moda novamente”

Feliz Ano Novo [Rubem Fonseca]

Ontem fui a uma livraria e comprei o livro Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca. Nada de especial, diriam vocês. O livro não é nem novo. É verdade. Eu já havia lido. Por que estou comprando de novo? Meu filho de 18 anos está interessado em lê-lo. Vocês devem concordar que um jovem interessado em leitura deve ser incentivado. Então comprei.

Este ato singelo da compra de um livro teve um significado especial. Quando li Feliz Ano Novo, acho que em 1976, ele estava proibido pela censura. O livro não podia ser lido por que “atentava contra a moral e os bons costumes”. Li Rubem Fonseca em cópia xerox. Continue lendo “Feliz Ano Novo [Rubem Fonseca]”